terça-feira, 14 de abril de 2015

Tecnologia & Educação


Recentemente assisti a um debate sobre o uso da tecnologia na educação. Entre os participantes estavam um consultor de tecnologia educacional e uma psicóloga infantil. Foi consenso entre os participantes - e compartilho da mesma opinião - de que a escola está muito atrasada com relação às necessidades do mercado. Outros assuntos que criam consenso: o baixo nível de atenção dos alunos e a familiaridade destes com a tecnologia.

É comum ouvirmos que hoje temos uma escola do século XIX para uma sociedade do século XXI e novamente concordo com esta afirmação. Muito se diz que as escolas devem se modernizar, adotar novas tecnologias para atrair mais atenção dos alunos, mas algumas verdades precisam ser ditas.

A atual geração - chame de millennials, geração Y ou Z - possui uma familiaridade com a tecnologia impressionante, mas muito devido a curiosidade e falta de medo característicos da criança e por estarem rodeados de dispositivos como celulares, tablets, computadores e todo o resto. Os professores por sua vez tem medo da tecnologia, medo de "estragar" e não saber consertar, medo este característico daqueles que já possuem pré-conceito e certo comodismo sobre "como as coisas são". Se assustam com a facilidade que seus alunos "devoram" o computador. Qualquer tentativa de se trazer tecnologia para a sala de aula passa necessariamente pela capacitação dos professores, seja por iniciativa de seus empregadores ou, como acredito que tenha de ser, por iniciativa própria.

Uma vez vencida a barreira do medo da tecnologia por parte dos professores, estes vão passar a enxergar a realidade como ela é de fato: que seus alunos são na verdade consumidores de tecnologia, e não conhecem tanto quanto os próprios professores pensam que eles conhecem.

Ao olhar a situação por este ponto de vista, iniciamos então outra discussão: estamos presenciando uma era onde a tecnologia está passando pela mesma transformação que outrora passaram a escrita, a música e outras formas de arte, ou seja, a consumerização da tecnologia. No passado as pessoas se reuniam para recitar poemas que elas próprias escreviam, se reuniam para apreciar a música que elas próprias compunham e tocavam, mas hoje somos, em grande maioria, consumidores de livros e música.

O mesmo processo vem ocorrendo com a tecnologia, onde no passado os curiosos e entusiastas se aventuravam em entender como programar um "chip", se perguntavam como configurar um computador, como instalar um periférico. Hoje temos tudo empacotado, compramos um tablet com seu sistema funcionando e instalar um aplicativo não requer nada mais do que um toque na tela, tanto que chamamos apenas de "baixar um app". Quem trabalha com ou recruta profissionais de tecnologia nos dias de hoje, sabe que os melhores são aqueles que no passado foram hobbistas curiosos sobre computadores. A grande maioria das pessoas que atualmente desejam trabalhar na área, não tem a profundidade de conhecimento nem a vontade de aprender necessária para cruzar a linha da mediocridade.

Apesar disso, não estou pessimista com essa tendência. Ainda existem escritores, músicos e existirão desenvolvedores no futuro. Concordo que é questionável a qualidade de muito do que se escreve, seja enquanto literatura, seja enquanto música, mas também é questionável a qualidade de muitos software e hardware que temos por aí.

Quando olhamos para o Brasil em particular, creio que devemos nos fazer um outro questionamento antes de pensar em como usar a tecnologia na sala de aula. Acredito que antes de mais nada temos que definir o que esperamos do nosso sistema de ensino, qual o tipo de educação que queremos para nossa sociedade. Essa é a discussão que não temos. A Coréia do Sul redefiniu sua política de educação há 50 anos e hoje colhe frutos extremamente positivos, mas nem por isso estão vivendo dos louros do passado. Em seu discurso de posse, a atual presidente sul-coreana disse que precisam rever o sistema de ensino do país, pois esse sistema foi capaz de transformar o país para ser o que é hoje, mas não conseguirá levá-los para enfrentar os desafios dos próximos anos.

Acredito que as perguntas corretas para a situação tupiniquim são: qual o sistema de ensino que temos hoje? Estamos satisfeitos com onde ele nos trouxe? Estamos confiantes de que ele poderá nos levar onde queremos chegar? E então chegamos a pergunta fundamental: onde, enquanto nação, queremos chegar?

2 comentários:

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